terça-feira, 17 de agosto de 2010

Análise: Scott Pilgrim VS The World


Ora aqui está um jogo que vos dará realmente vontade de ir ao cinema. Scott Pilgrim VS The World chegou na passada quarta-feira à Playstation Store por um preço de 10 euros e num período de exclusividade que durará até ao dia 25 de Agosto, altura em que será lançado no Xbox Live. Chegou e venceu. Coisa rara isto de poder abraçar uma adaptação videojogável sem ter que me arrastar até ao desfecho da aventura e ainda ficar com vontade de atirar o CD pela janela. Não é que aqui o CD fosse problema. A verdade é que Scott Pilgrim VS The World não só consegue ganhar uma identidade própria como videojogo, como também presta um bom serviço aos fãs dos Comics e ainda serve de aperitivo para o filme que estreou por esta altura nos Estados Unidos. Cá por Portugal ainda teremos que aguardar até meados de Dezembro para assistir ao romance de Scott no grande ecrã.





Mas afinal quem é este Scott Pilgim e que mal fez o rapaz ao mundo? Bem, na verdade, nada. Não tanto ao mundo como aos 7 ex-namorados diabólicos de Ramona Flowers, a rapariga que lhe viaja pelos sonhos e lhe aparece em festas. Cabe a Scott a árdua tarefa de defrontá-los, um a um, para que no fim possa ficar com a rapariga. Scott é um rapaz de 23 anos com uma vida espectacular. Tem uma banda e passa o tempo livre por entre festas. Mais uma vez, esta é também a vossa vida, por isso está na altura de lutarem por Ramona. Ficam assim convidados a embarcar nesta cruzada a um mundo repleto de aventuras que vão bastante além do jogo, ou até mesmo do próprio filme.



Para os seguidores dos Comics não será difícil justificar, ou pelo menos perceber, a criação de um videojogo estilo Retro em pleno século XXI. É que previamente à existência desta adaptação videojogável, ou até mesmo do filme, existiam já uma série de novelas gráficas que contavam uma aventura toda ela cheia de referências a elementos Pop culture, nas quais os videojogos nunca foram um elemento esquecido. Pelo contrário. Olhar para este jogo e ver inspirações em clássicos como Super Mario, River City Ransom ou, mais recentemente, em Guitar Hero é tão natural como ler os Comics e descobrir que todas as bandas musicais criadas para o efeito foram baptizadas com referências a videojogos - Crash And The Boys ou Sonic and Knuckles servem de exemplo. É de ficar com um brilho nos olhos.

Scott Pilgrim VS The World, o jogo, ganha por isso uma identidade muito própria e um estilo que, referências à parte, é claramente dele próprio. É, na sua essência, um Side Scrolling / Beat'em'up à moda antiga. Navegando pelo menu, Scott escolhe o mundo a salvar e o ex-namorado a derrotar. Na realidade poderão escolher entre 4 personagens para jogar (Scott, Kim, Ramona e Stills), existindo ainda duas extra para desbloquear. O jogo assenta assim num esquema de evolução de personagens. Cada uma delas tem os seus próprios ataques e habilidades especiais, contando com um total de 16 níveis de evolução. A cada nível que sobrem irão desbloquear novos truques. Mas a verdadeira parte de evolução está assente no sistema de compra de Upgrades. Inicialmente os atributos de cada personagem estarão a zeros. Cabe ao jogador comprar novos Upgrades para cada personagem com o dinheiro ganho ao derrotar inimigos.



E, porque começam do zero, o jogo poderá ser difícil inicialmente (dificuldade: Average Joe). Não tanto – ou quase nada – se for jogado com amigos, uma vez que permite acção com até 4 jogadores. É um festim. Mas sim, se jogarem sozinhos a curva de dificuldade será um pouco irregular. Primeiro porque têm poucos ataques, segundo porque têm pouco poder de ataque e depois porque provavelmente não saberão jogar.

Mas é isso mesmo que torna o jogo divertido e desafiante. Na realidade não ganham super-armas ou super-poderes completamente abusados. Coloca-se à prova a essência de saber jogar e aprender com o tempo e os erros. Na primeira vez que joguei o primeiro nível perdi todas as vidas e tive GameOver. Quando acabei o jogo e comecei pela segunda vez com outra personagem, também ela por evoluir, consegui acabar sem perder qualquer vida.



Um dos problemas que posso apontar no jogo é um problema que vem realmente já bem lá de trás. É um problema Retro. É que quando acabam um nível e vão iniciar um novo mundo, não recebem novamente a totalidade de vidas. Mais vale perder forçadamente ao inicio para recuperar as 3 vidas e aí sim jogar a sério, uma vez que não há qualquer penalização por isso. O jogo não tem checkpoints. Mas isso não o torna particularmente difícil, desde que comecem cada nível com 3 vidas. De qualquer forma, mesmo que percam a meio de um nível ficarão sempre com o dinheiro ganho.

O combate e as formas de o fazer são suficientemente diversificadas para que não se fartem e continuem a desfrutar do jogo até final. Os cenários são um mimo. O jogo é repleto de charme artístico. Cada nível leva o jogador numa crescente acção que culmina com um Boss. As lutas com os ex-namorados são sempre mano-a-mano e cada um tem um "atractivo" diferente, mas o festim de cores é garantido. Aliás se há algo a realçar é isso mesmo: os cenários detalhados repletos de vida, a diversidade de inimigos, as animações e, de forma geral, toda a celebração envolta neste estilo gráfico.



E ainda nem salientei a banda sonora. 5 estrelas. Um mimo autêntico. Tem músicas variadas e únicas. Algumas fizeram-me lembrar o duo Crystal Castles, em especial no nível da discoteca. Inserido um código que anda aí pelas internetes poderão ainda desbloquear toda a banda sonora para ouvirem livremente no jogo.

Para além de tudo isso Scott Pilgrim VS The World está repleto de outras referências e segredos. O incentivo para repetir é imenso. Não só poderão ganhar novas personagens como também os fins diferem entre elas. Existe um total de 3 níveis de dificuldade distintos. É bastante provável que acabem por repetir alguns níveis de qualquer forma. E como isto é um jogo todo armado em Retro, bastou inserir um simples código para desbloquear um novo modo de jogo. Como o mundo era perfeito antigamente... O Zombie Mode permite enfrentar hordas sem fim de inimigos. Quem mais derrotar fica com a cabeça no topo da Leaderboard Online.

A única coisa que realmente manda o jogo abaixo é a não inclusão de um modo cooperativo Online. Se tiverem a possibilidade de jogar em casa com amigos verão que é um pagode, e para aqueles que viam nesta a única forma de jogar poderá ser realmente uma pedra no sapato. Mas a verdade é que a chegada de Scott Pilgrim VS The World não parece ser tanto a celebração do filme ou até mesmo dos Comics. Parece sim uma adição aos demais e fica a garantia de que vão passar aqui uma experiência realmente encantadora e refrescante. Principalmente se souberem aproveitar e apreciar as pequenas coisas nele presentes.

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