terça-feira, 13 de julho de 2010

Análise: Harry Potter Lego



Depois de aplicar o tratamento LEGO a míticas séries e figuras como A Guerra das Estrelas, Batman ou Indiana Jones, Harry Potter é o senhor que se segue na lista de trabalhos da Traveller’s Talles. Depois de ter conquistado com mérito o reconhecimento da crítica e do público com os anteriores trabalhos, a expectativa para com este novo jogo era elevada e mesmo sabendo que a fórmula estava testada, comprovada e aclamada, o interesse estava em descobrir como esta foi moldada para dar vida a este universo que tantos fãs conquistou ao longo destes 13 anos nos livros e ao longo de nove anos no cinema. As adaptações directas para videojogos raramente conseguem oferecer uma experiência a par do que vemos no cinema e tal já foi largamente discutido e após jogar este jogo apenas posso afirmar que tal não se aplica aqui.

Aliar grandes series ao formato LEGO provou ser algo irreverente, dinâmico e bem disposto. Exactamente o que temos aqui mas agora no universo de Harry Potter. Como o nome do jogo indica, vamos viver as aventuras do personagem ao longo dos seus primeiros quatro anos na escola de magia de Hogwarts mas se muito é fiel, outro tanto é uma livre adaptação do material que serviu de inspiração. Tal como nos anteriores jogos LEGO, a Traveller’s Tales apostou, e bem, em conferir um elemento de destaque ao humor criando assim situações diferentes e ligeiras de acontecimentos que conhecemos como dramáticos e até tensos. É uma espécie de sátira de si mesmo mas que apenas o favorece.

Partindo do óbvio e necessário pressuposto que quem o vai jogar é um fã ou dos livros ou dos filmes, ou até de ambos, a Traveller’s Tales conta-nos a história de Harry Potter desde os primeiros passos de Dumbledore em direcção ao número 4 de Private Drive passando pela luta contra Tom Riddle, pela engenhosa viagem no tempo dos protagonistas até ao Torneio dos Três Feiticeiros. Convém notar que o estúdio preferiu manter-se fiel à narrativa segundo os filmes mantendo assim um ritmo mais dinâmico e mais de encontro ao que a maioria provavelmente conhece, ao invés de optar por contar eventos descritos apenas nos livros. Claro que o que conta aqui é a boa disposição e a dose é enorme e bem-vinda. Os eventos que conhecemos não são recriados necessariamente com o tom sério e temos versões diferentes e altamente engraçadas dos momentos mais marcantes de cada filme durante as sequências não jogáveis que impulsionam a narrativa.




Desde que assumimos o controlo do pequeno Harry ao lado de Hagrid, enquanto caminhámos pela primeira vez em direcção ao muro que nos separa de Diagon Alley, que se torna aparente que tudo é altamente simples com vista a reforçar a diversão e a servir uma das limitações das personagens, a sua incapacidade de falar. Os bonecos LEGO não falam, apenas emitem sons e como tal não é oferecido ao jogador durante as sequências quaisquer elementos que o possam guiar. Mesmo presumindo que conhecem a história até ao ínfimo pormenor, estamos perante uma adaptação, uma visão de terceiras pessoas e para isso foi preciso implementar alguns elementos orientadores. Com uma estrutura de níveis altamente simples, o espaço de jogo torna-se óbvio pelas visíveis limitações ou até pela única direcção de progressão quando esta é horizontal. Já em Hogwarts temos sempre o fantasma do “Nearly Headless Nick” a indicar-nos o caminho ou então a presença de uma seta sobre a porta para a qual nos devemos dirigir.

Este simples elemento é na verdade uma das pedras base da experiência pois impede quaisquer frustrações relativas à progressão de jogo e pode tornar tudo demasiadamente fácil para os mais crescidos pois retira quaisquer elementos que forcem à exploração pelo menos no sentido da narrativa. Esses estão relacionados com outra famosa característica dos anteriores jogos LEGO e com um elemento bem famoso de todo este universo. Por parte do primeiro temos o recolher dos parafusos LEGO que são parte fulcral de toda a experiência e por parte do segundo temos os feitiços de magia que Harry e amigos vão ter que aprender.



O apresentar permanente do caminho a seguir não impede que se instale uma verdadeira obsessão em explorar todos os cantos dos locais pois temos os parafusos LEGO para recolher e temos toda uma estrutura de progressão e solução de puzzles assente nos feitiços que aprendemos e cuja aplicação vai sendo progressivamente requisitada para que os novos caminhos se desbloqueiem. É certo que alguns feitiços são permanentemente requisitados enquanto outros apenas o são esporadicamente mas a facilidade inicial vai sendo gradualmente substituída por um obrigatório alternar e aplicar de feitiços diferentes tanto para abrir caminho como para solucionar puzzles e até derrotar inimigos.

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